Epidemiologia

 

A taxa de mortalidade entre os infectados com o tétano é elevada, variando de 10 a mais de 80%, sendo inversamente proporcional ao período de incubação. A disponibilidade de uma unidade de cuidados intensivos, com pessoal médico especializado, é também crucial para o resultado de uma infecção com o tétano.

Os esporos do bacilo do tétano são ubíquos no meio ambiente e a doença é contraída quando um esporo se introduz numa abertura da epiderme causada por um ferimento. A probabilidade de doença grave está também associada à severidade do ferimento. Pensa-se que a doença não é transmissível directamente entre hospedeiros.

 

Nos anos seguintes à entrada em vigor do PNV (Plano Nacional de Vacinação), em 1965, verificou-se uma notável redução da morbilidade e da mortalidade pelas doenças infecciosas alvo de vacinação, com os consequentes ganhos de saúde. Os resultados obtidos através

do PNV estão consolidados, conforme comprova a “Avaliação do Programa Nacional de Vacinação - 2º Inquérito Serológico Nacional - Portugal Continental 2001-2002”. Ficou então demonstrado o elevado grau de imunização da população portuguesa,

como se verifica pelo exemplo da imunização contra o tétano.

 

Somente taxas de cobertura vacinal muito elevadas, de cerca de 95%, permitem obter imunidade de grupo. No caso do tétano, em que a protecção é individual, apenas uma cobertura vacinal de 100% evitaria o aparecimento de casos.

 

Uma forma particularmente séria de tétano, é o tétano neonatal, um problema de saúde pública nos países em vias de desenvolvimento, onde a vacinação não cobre toda a população e as condições de maternidade são precárias. A infecção dá-se por infiltração do esporo do tétano no recém-nascido de uma mãe não imunizada. Acontece quando o cordão umbilical é cortado com um instrumento não esterilizado ou quando este é untado por substâncias infectadas. A OMS estima que em 2004 houve cerca de 200 mil mortes por ano causada por tétano neonatal.

 

No trabalho realizado foi inserido um estudo feito pelo Centro Regional de Saúde Pública do norte. A finalidade do estudo foi alertar para que não sejam perdidas oportunidades de vacinação anti-tetânica.

Caracterizaram-se os 210 casos ocorridos na Região Norte, entre 1993 e 2002. As fontes de informação foram os inquéritos epidemiológicos e a base de dados informatizada com doenças de declaração obrigatória. A maioria, ocorreu entre os 55 e os 84 anos de

idade. Acima dos 65 anos, a maioria dos casos eram do sexo feminino (73,7%). Os 17 casos ocorridos na Região Norte (2000-2002) foram todos internados em hospitais. Registaram-se dois óbitos. As actividades de risco e porta de entrada foram análogos

aos descritos na literatura. Nenhum doente estava adequadamente vacinado. Quase todos tinham recorrido a serviços de saúde (por motivos vários) nos 10 anos anteriores à ocorrência da doença. Para eliminar o tétano, todos os contactos de utentes com profissionais de saúde

devem ser aproveitados para promover a vacinação, segundo o esquema recomendado.