Agente Infeccioso 

  

O agente infeccioso da doença tétano pertence à classe clostridia que possui 3 ordens e 11 famílias.

De entre as várias bactérias pertencentes a esta classe, a clostridium tetani é a única responsável pelo tétano. Este organismo pode ser encontrado em solo inabitado, nas fezes de animais, e ocasionalmente em fezes humanas

A clostridium tetani é um bacilo com cerca de 0,3-2,0x1,5-20 micrómetros, possui uma forma oval, é gram positivo, não fermenta qualquer tipo de açucar e não digere proteínas complexas, a temperatura ideal para se reproduzir é cerca de 37 graus.

É do tipo não invasiva o que implica que o seu mecanismo de infecção passa pela produção de exotoxinas para a destruição dos tecidos onde se encontra.

 

Para além disso é do tipo anaeróbio o que implica que se pode desenvolver em meios isentos de oxigénio. De acordo com esta ideia, o mecanismo de infecção da bactéria passa pela capacidade de contaminar qualquer tipo de incisão na pele, nomeadamente feridas e pequenos cortes tornando-se patogénica quando as feridas apresentam baixo potencial de reacções de oxidação-redução, grande quantidade de lactato e pH baixo, alguns exemplos são: feridas com tecidos desvitalizados, com corpos estranhos ou com infecções activas. Estas são as condições favoráveis de sobrevivência/proliferação da bactéria porque esta é muito sensível ao stress oxidativo uma vez que não possui a enzima catalase, que é responsável pela decomposição do peróxido de hidrogénio (agente oxidante). Logo, em tecidos vivos com metabolismo activo onde existem muitas reacções de oxidação-redução que podem levar à formação de espécies reactivas a bactéria não se desenvolve.

 

Esta bactéria para além de ter capacidade para se desenvolver em meios isentos de oxigénio pode também “hibernar”. Isto acontece porque a bactéria possui a aptidão para se apresentar em dois estados: um estado activo, quando as condições são favoráveis e um estado de dormência quando as condições são mais hostis. O estado de dormência é conseguido através da conversão de células somáticas em endoesporos. Um endosporo é um organelo em forma de bola blindada, onde o material genético pode ser armazenando e permanecer sem ser afectado pelo calor, falta de água e escassez de nutrientes. Esta habilidade revelada pelos endoesporos, permite ao organismo infeccioso sobreviver durante anos em certos ambientes.

Para a infecção acontecer os endosporos têm que se depositar na ferida alvo e aderir à membrana celular. Visto que esta bactéria não possui fímbrias, o mecanismo é directo e dependente das proteínas adesinas e dos receptores teciduais. Este mecanismo consiste no reconhecimento por parte das adesinas (complexo proteico) de elementos da matriz extracelular como colagénio, laminina, elastina e posterior ligação a receptores como caderinas e integrinas (classe de receptores transmembranares que funcionam como integradores ligando a matriz ao citoesqueleto da célula.)

 

O mecanismo de infecção destas bactérias passa por conseguirem produzir uma neurotoxina, a tetanospamina, que actua na ligação entre os neurónios e bloqueia a libertação de neurotransmissores inibitórios e consequentemente a propagação do impulso nervoso. A dose letal para um humano é cerca de 130 microgramas.

Apesar de parecer que as toxinas apenas possuem desvantagens, isto não é verdade. Algumas toxinas produzidas pela bactéria clostridium têm sido utilizadas em tratamentos de distúrbios neuromusculares caracterizados por contracções musculares involuntárias.

O período de incubação vai de 5 a 21 dias dependendo da distância da ferida ao sistema nervoso central.